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  • Rogger da Costa

WINSTON COE - O GOLEIRO QUE TINHA APENAS UM BRAÇO

Em 1906, o irlandês Winston Coe protagonizou um evento inesquecível na rica história do futebol argentino.


O futebol argentino atualmente conta com dois goleiros da seleção nacional, como Esteban Andrada (Boca) e Franco Armani (River). Os mais novos, pela TV ou mesmo nos estádios, podem muito bem ter estes dois como ídolos pelas suas defesas marcantes e pela força no gol. Eles, sem nenhuma dificuldade física, se destacam em todos os campos em que pisam.


Na infância, nada animava mais o jovem Winston Coe do que jogar futebol. Filho do almirante Coe - famoso na Argentina por sua amizade com o militar Guillermo Brown-, ele emigrou da Irlanda para a Argentina em busca de um futuro melhor, deixando para trás uma Ilha Esmeralda devastada pela fome e cheia de pobreza e chegou, no início do século XX, ao país sul-americano.


Em tempos longínquos, quando o futebol nem era profissional naquele país, aconteceu ao mesmo tempo um acontecimento estranho e emocionante. Em 1906, uma das equipes do país teve um goleiro com um desempenho brilhante, digno de um reconhecimento que os atuais têm de sobra. Até agora, nada de estranho. Mas é preciso citar uma peculiaridade: ele não tinha o braço esquerdo.


Eram anos em que o futebol argentino estava repleto de clubes com sotaque britânico, criados por imigrantes que vinham para aquelas terras. E o Barracas Athletic teve um grande goleiro. Seu nome era José Buraca Laforia. Seu ótimo desempenho fez com que Alumni, poderoso em tempos de amadorismo, olhasse para ele e o levasse embora. Assim, ele deixou uma lacuna na equipe titular, que, claro, teve que ser preenchida por outra pessoa.

O problema era que Barracas não tinha outro arqueiro. E foi aí que apareceu Winston Coe, o protagonista desta história. Diante da busca incessante por um goleiro, cada jogador de linha foi testado no gol para ver se conseguiria cumprir essa tarefa nas partidas seguintes.


Coe, um lateral direito e um dos membros fundadores do clube, se ofereceu apesar de ser não ter um dos braços. E embora seja curioso que o único membro da equipe que consegue pegar a bola com as duas mãos esteja sem um braço, ele soube provar seu valor.


"Se você quiser, dou uma mãozinha, dois de vocês já sabem que não posso", disse ele. E assim ele se preparou para a partida contra o Estudiantes de Buenos Aires.


Quando as equipes entraram em campo, murmúrios e gritos foram misturados. Houve espanto com o que estavam vendo e mais ainda com o que aconteceria no desfecho do jogo. É que, embora Barracas tenha perdido por 2 a 1, a grande figura foi Coe, que apesar das adversidades se destacou e evitou uma derrota histórica.


“Muitos chutes foram parados pelo Coe maneta, pelo qual ficou famoso, pois não é pouca virtude jogar nesta posição em que exatamente se usa as mãos, quando não as tem. Sua maneira de deter a bola, a segurança e a confiança com que segue são dignas de elogios”, publicou o jornal La Prensa no dia seguinte.


Foi um acontecimento inédito. E essa não foi a única aparição do irlandês debaixo das traves. Ele conseguiu o emprego. Eles ficaram satisfeitos com ele. Porém, nos próximos dois jogos ele não se saiu muito bem. Houve duas derrotas fortes: 11-0 contra Reformer e 5-0 contra Alumni.


Depois disso, Coe não esteve mais no gol, mas foi mais do que reconhecido pelos fãs. Apesar da pedra que a vida o colocou no caminho, ele defendeu o gol do Barracas Atlético com orgulho e coração e ficou imortalizado no futebol argentino.


Os.: Há outra versão, publicada pelo historiador Daniel Balmaceda, que indica que Coe chegou mesmo ao gol no duelo contra o Reformer, e que o fez porque três de seus companheiros -entre eles o goleiro Wolfredo Diggs- perderam o trem que deveria levá-los a Campana para disputar a partida.


Nesse caso, seriam apenas duas partidas, mas seria difícil explicar o posterior corte do jornal La Prensa. Em última análise, optamos por acreditar na primeira versão. De qualquer forma, a aparência de um goleiro de um braço só já é uma grande história. Veja bem, não conseguimos descobrir como ele perdeu o braço.


Abaixo, algumas das poucas fotos que encontramos na internet onde Winston Coe aparece:




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