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Timing Coincidente na Preparação de Goleiros

Por Rommel Oliveira

TIMING COINCIDENTE

Timing coincidente é a capacidade perceptual-motora para executar uma resposta motora em sincronia com a chegada de um objeto externo, em um determinado ponto; ele depende de processos de seleção, planejamento e execução para antecipar tanto a chegada do estimulo quanto a resposta efetora, de modo que ocorram simultaneamente (CATTUZZO et al., 2010).

A prática apresenta um papel fundamental na aquisição de uma habilidade motora. Este processo de aprendizagem pode ser desenvolvido de muitas maneiras, e é plausível de se pensar nas estruturas de prática por partes e pelo todo e na prática constante e diversificada. Cada habilidade apresenta uma demanda específica que será beneficiada se a aprendizagem for conduzida de uma maneira que seus aspectos possam ser desenvolvidos da melhor forma possível obedecendo, principalmente uma progressão pedagógica.

As tarefas de timing coincidente vem sendo utilizadas no esporte de um modo geral com contribuição relevante no processo ensino-aprendizagem. Sua associação e prática constante aleatória mostra benefícios para a aprendizagem desportiva.

OS GOLEIROS E AS SAÍDAS EM CRUZAMENTOS SOBRE AS ÁREAS


Ao considerar as ações dos goleiros de futebol de campo, podemos observar que tais ações são fielmente caracterizadas e representadas pelo “encontro” entre este atleta e o implemento bola em um determinado tempo e espaço do campo de jogo, de forma sincrônica.

Acreditando na contribuição das tarefas de observação e investigação do timing coincidente na melhora da performance técnica dos goleiros resolvi adaptá-las e associá-las aos treinamentos de saídas de gol em cruzamentos sobre as áreas de meta. A estrutura das tarefas devem possibilitar uma aproximação com a realidade do jogo com uma prática constante possibilitando a formação de um padrão de interação entre os componentes dos sistemas neuromotores ( formação das estruturas das habilidades ).

O ensino destas habilidades pode ser conduzido através de um processo de dois estágios. No estágio inicial, deve ser inserida a prática constante, onde o professor deve dirigir o aprendiz na aquisição da sequência correta e 60 sincronizações dos movimentos que compreendem a habilidade(1). Uma vez que o atleta torna-se capaz de realizar a habilidade corretamente, passa para o segundo estágio, no qual deve desenvolver o esquema motor responsável pela parametrização dos movimentos nas saídas nos cruzamentos (habilidade 2). Ou seja, considerar os parâmetros estabelecidos para uma boa saída de gol.

Habilidade 1: Timing coincidente

Habilidade 2: Saídas nos cruzamentos

OBSERVAÇÃO

Observa-se a necessidade da realização de estudos aplicados ao futebol, pela escassez de referencias específicas.

A PRÁTICA POR PARTES E PELO TODO PRÁTICA POR PARTES

(semelhante aos exercícios analíticos )

Na aprendizagem de tarefas mais complexas ( como as saídas em cruzamentos sobre as áreas de meta ) é interessante que a primeira prática não contenha todos os aspectos da habilidade juntos. Assim, a prática por partes seria uma estratégia no processo de aprendizagem para reduzir esta complexidade, facilitando a aprendizagem. Faríamos então, num primeiro momento, apenas as tarefas de timing coincidente.

TAREFAS DE TIMING COINCIDENTE

Serão estrategicamente posicionados bonecos infláveis nas áreas de meta. Os bonecos serão numerados de 01 a 06. O posicionamento destes bonecos obedecerá ao critério DA REGIÃO DA ÁREA DE META MAIS PROBLEMÁTICA PARA A SAÍDA DOS GOLEIROS NOS CRUZAMENTOS. Este critério poderá ser diferente entre os goleiros e de acordo com a dificuldade de cada um. Estarão posicionados atletas nas laterais do campo que serão responsáveis pelos cruzamentos, de forma aleatória, sobre as áreas de meta. Cada boneco estará identificado por um número ( de 01 a 06 ) e em sua região específica. Será dado o sinal para a realização do cruzamento e os goleiros deverão “cantar” , antes da bola sobrevoar as áreas ( logo no início de trajetória da bola ), o número do boneco que representa a região em que deveria abordar a bola.

OBSERVAÇÃO: Este estágio deverá ser realizado SEM A SAÍDA DE GOL. O goleiro apenas identificará a região de abordagem da bola verbalizando o número do boneco inflável.

PRÁTICA PELO TODO ( semelhante aos exercícios globais )

CRUZAMENTOS

Estrutura idêntica a do exercício anterior, quanto aos posicionamentos dos envolvidos. Neste estágio os goleiros irão realizar, literalmente, as saídas nos cruzamentos mantendo a verbalização dos números.

Fig 1- Visão posterior do posicionamento dos bonecos infláveis. ( PI= POSIÇÃO INICIAL DO GOLEIRO ) 1º Estágio: os goleiros só verbalizam os números.

Fig 1- Visão posterior do posicionamento dos bonecos infláveis. ( PI= POSIÇÃO INICIAL DO GOLEIRO ) 1º Estágio: os goleiros só verbalizam os números.


Fig 2- Visão lateral do posicionamento dos bonecos infláveis. 2º Estágio: os goleiros executam as saídas e verbalizam os números.

Fig 2- Visão lateral do posicionamento dos bonecos infláveis. 2º Estágio: os goleiros executam as saídas e verbalizam os números.


Fig 3- Visão aérea do posicionamento dos bonecos. ( imagem fora de perspectiva geométrica ).

Fig 3- Visão aérea do posicionamento dos bonecos. ( imagem fora de perspectiva geométrica ).


OBSERVAÇÃO 1- Neste tipo de estratégia podemos observar a ênfase do componente psicomotor NOÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL associado ao fundamento. 2- Deve-se introduzir o componente físico ( força rápida – explosão ) ao quantificar o tempo executado para cada ponto-referência ( bonecos ), tentando abaixar o tempo do trajeto.

Atenciosamente

Rommel Oliveira CREF 11478 G/RJ

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