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  • Rogger da Costa

“Petr Cech do Cerrado”, chegou a largar o futebol. A história de Tadeu, Goleiro do Goiás

Atualizado: 30 de jul. de 2020

Um dos destaques do Goiás no Campeonato Brasileiro, Tadeu fechou o gol na vitória de sua equipe contra o São Paulo em pleno Morumbi. Ele terminou a rodada como o goleiro com a maior pontuação do Prêmio ESPN Bola de Prata Sportingbet da 20ª rodada do torneio.


A boa fase é um presente para o jogador de 27 anos, que fazia de tudo para fugir do trabalho na roça ao lado dos pais na cidade de Joaquim Távora, no interior do Paraná.


“Eu ajudava na lavoura na colheita de feijão, arroz e café, mas só queria saber de jogar bola (risos). Eu dava um ‘migué’ danado, enrolava demais. Não via a hora de acabar a água para ir buscar”, disse, ao ESPN.com.br.


Habilidoso com os pés, Tadeu sempre jogou na linha ao mesmo tempo em que ia para o gol em partidas contra os adultos. Grande fã de “São Marcos”, um dos maiores ídolos da história do Palmeiras, o garoto imitava o herói do título da Libertadores de 1999 jogando bolinha de tênis contra a parede.


“Lembro muito do pênalti que ele pegou do Marcelinho em 2000. A Copa do Mundo de 2002 me marcou demais pela atuação dele contra a Bélgica nas oitavas de final. Depois, descobri que ele também veio da roça e virou uma inspiração ainda maior para mim”, admitiu.


Depois de começar em times de várzea em sua cidade, Tadeu tentou a sorte no Trieste-PR, tradicional time amador de Curitiba, mas não foi aprovado. Mesmo assim, ele não desanimou e conseguiu ser aprovado em um teste no Coritiba, aos 15 anos, no qual ficou até se profissionalizar.


O goleiro chegou a disputar várias competições de base, incluindo a Dallas Cup, nos Estados Unidos. Ao se profissionalizar, porém, não tinha espaço no Coritiba e foi emprestado para Tupi-MG e Maringá antes do contrato com o Coritiba terminar no final de 2015. No começo do ano seguinte, ele acertou um contrato de apenas três meses ao Ceará.

Durante a temporada, porém, resolveu abandonar o futebol.


“Eu não queria ir, mas vi um clube maravilhoso com uma ótima estrutura e pessoas corretas. Tudo o que um profissional gostaria de ter, mas minha cabeça não estava legal. Eu estava com problemas pessoais e quis ir embora e resolvi parar de jogar. Não sei te dizer se foi depressão, porque não fui a um médico, mas queria tomar um novo rumo na minha vida.

Tadeu ficou por mais de um mês em casa, mas ouvia os conselhos de seu pai, que desejava que o filho não desistisse da carreira.


“Eu falei para ele que só iria voltar se aparecesse alguma coisa. Não ia procurar mais nada”, contou.


A mudança em sua vida veio em 2016, quando foi recebeu um telefonema de Gustavo, seu antigo preparador, que o chamou para ser o terceiro goleiro da Ferroviária, de Araraquara.

No ano seguinte, Tadeu passou a jogar no Paulistão e ajudou a equipe a escapar do rebaixamento. Depois, foi campeão da Copa Paulista pelo time do interior com grandes atuações e virou ídolo dos torcedores.


“Lá eu ganhei o apelido de Tadeus pela torcida. Foram anos maravilhosos, fiz até gol de pênalti contra o Red Bull no Torneio do Interior”, afirmou.


A partir de então, a carreira decolou de forma rápida. Ano passado, ele foi destaque novamente no Estadual pela Ferroviária e depois acabou emprestado ao Oeste para a disputa da Série B do Brasileiro.


Em 2019, Tadeu viveu o ápice de sua carreira. Foi decisivo para a Ferroviária fazer uma grande campanha na primeira fase do Paulista e teve grandes atuações nas quartas de final contra o Corinthians. Apesar da eliminação nos pênaltis em Itaquera, o goleiro fechou o gol nos dois jogos, pegou o penalidade de Avelar e ainda acertou sua cobrança.


“Em alguns momentos fomos melhores do que eles, algo que é muito difícil para um time do interior contra um grande. Nós caímos de pé”, admitiu.


Logo depois do Estadual, ele foi contratado pelo Goiás para a disputa da Série A do Brasileiro.


“O Goiás já estava interessado em mim há bastante tempo. Queria ter vindo para cá antes, mas entendo o lado da Ferroviária também. O Paulistão é que define o ano todo. Acabei ajudando e fizemos um belo campeonato. Recebi algumas propostas, mas quando soube do interesse do Goiás, virou uma prioridade para mim”, garantiu.


Na estreia no torneio, ele pegou uma penalidade na vitória de sua equipe contra o Fluminense. Pela ótima atuação, recebeu a maior pontuação da primeira rodada do Prêmio ESPN Bola de Prata Sportingbet.


“Era o meu sonho de garoto jogar a Série A. Vivo o melhor momento na minha carreira e consegui uma sequência grande de jogos. Foi muito difícil chegar neste ponto e preciso me preparar muito para melhorar cada vez mais”, confessou.


Mesmo em uma campanha de altos e baixos da equipe esmeraldina, o arqueiro fez boas partidas. Na 18ª rodada do Brasileiro, porém, ele tomou um grande susto ao se chocar com o meia Zé Rafael, do Palmeiras, seu antigo colega da base do Coritiba. Tadeu desmaiou e saiu de ambulância do Serra Dourada.


“Já revi o lance várias vezes, mas não me lembro de nada. Só retomei a consciência quando estava chegando ao hospital. Agradeço a Deus que não aconteceu nada de sério porque a pancada foi forte”, contou.


Depois disso, ele passou a jogar com um capacete parecido ao utilizado por Petr Cech, ex-goleiro de Chelsea e Arsenal, que também sofreu um choque durante um jogo pela Premier League.


“Não sou obrigado a usá-lo, mas o médico disse que é uma proteção a mais para mim. Ele é muito confortável e me sinto mais seguro para treinar e jogar. Pretendo usá-lo por mais tempo ainda. Agora, criaram uma história que virou um amuleto da sorte. Se a gente continuar ganhando, não posso tirá-lo (risos). O pessoal tem me chamado de Petr Cech do Cerrado. Se eu pegar 10% do que ele pegava, está ótimo!”, brincou.


“Eu queria antes do final do Campeonato na seleção da rodada. É muito legal ter seu nome entre os melhores do Brasil. Fizemos um jogo muito bom e queríamos um respeito maior das pessoas. Foi um jogo muito duro e queríamos pontuar. Fico feliz por ter defendido um pênalti, que para o goleiro é como fazer um gol!”, admitiu.


Ele defendeu o pênalti cobrado por Reinaldo na últimda rodada do Brasileiro contra o São Paulo.


“Eu tenho bom histórico em penalidades. Eu estudo muito os cobradores, que também estudam os goleiros, mas acredito muito no momento. Não podemos descartar a intuição. No caso do Reinaldo, eu mudei de lado na hora e fui feliz.


Emprestado pela Ferroviária até o final do ano, a intenção do arqueiro é permanecer no time esmeraldino.


“O Goiás é um clube gigante e com uma ótima estrutura. Estou fazendo o meu melhor para ficar”, afirmou.

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