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  • Caio

O dia em que comprovei a excelência da escola alemã de goleiros

Antes mesmo de começar a falar sobre o tempo que passei em Zuzenhausen, na Alemanha, gostaria de explicar um pouco a respeito de como esse país está presente no meu dia a dia no futebol, desde os tempos em que eu sonhava em ser um goleiro até de fato me tornar um treinador de goleiros.

Arquivo da internet.

Arquivo da internet.


Sempre escutei falar no Brasil sobre escola alemã de goleiros e sua excelência. O livro “Aprenda com o Maior Goleiro do Mundo – Dicas e truques de Sepp Maier”, por exemplo, ajudou – e ainda ajuda – muitos goleiros do nosso país a compreender melhor as peculiaridades dessa posição. Eu, particularmente, comecei a conhecer a escola Alemã mais de perto quando vi Oliver Kahn atuando na Copa do Mundo de 2002 (Coréia do Sul – Japão), e confesso que me tornei um crítico da preparação germânica. Tinha a impressão de que os goleiros eram muito robotizados, programados.

Comecei a trabalhar com a preparação de goleiros na Coréia do Sul em outubro de 2008. E adivinhe qual a escola de goleiros mais admirada pelos sul-coreanos? Pois é, acertou quem disse Alemanha. Com goleiros na base que trabalhavam muita força física e pouca técnica, os sul-coreanos achavam que esse era o melhor modelo de goleiros a ser seguido, como era feito na Alemanha. Curioso como sempre, fui pesquisar e comprovei que os asiáticos tinham uma impressão equivocada sobre a escola de goleiros européia, por sinal tão admirada por eles. No país germânico se trabalha incansavelmente, principalmente nas primeiras idades do goleiro, a parte técnica, dentro daquilo que eles acreditam ser o mais correto nessa questão.

Arquivo pessoal.

Mano e Winfried pelo Alain.


Passado algum tempo de pesquisas e descobertas sobre a escola alemã de goleiros, campo que eu ainda criticava bastante por me faltar conhecimento, surgiu a oportunidade de trabalhar na Tailândia, no Bangkok United. Ironia do destino ou não, o treinador do time seria Mano Polking, brasileiro com cidadania alemã e que foi auxiliar de Winfried Schafer, famoso treinador alemão descobridor de Oliver Kahn. Inacreditável, pensei…

Mano teve uma passagem muito significativa na Alemanha. Por lá, ele jogou em clubes como Arminia Bielefeld e Darmstadt, onde morou e tirou suas licenças da UEFA. Desde que cheguei lá, escuto diversas “histórias de vestiário” que abordam o comportamento dos goleiros em jogos e treinamentos e isso me desperta muita curiosidade. Gosto de saber sobre a posição. Isso realmente me fascina.

A essa altura já estava começando a adquirir influências importantes sobre o futebol alemão e por isso resolvi mergulhar em estudos um pouco mais detalhados sobre a tão falada “escola alemã”. Era visível que ali estava a evolução no futebol e também no modo como preparavam os goleiros. Com certeza umas das mais qualificadas safras de arqueiros do mundo.


Nessa mesma época tive a oportunidade de ler um livro muito interessante chamado “Gol da Alemanha”, cujo conteúdo se resume à revolução que viveu o futebol alemão nos últimos 10 anos, com uma cultura forte de contra-atacar, mas que se adequou para receber Pep Guardiola como referência no maior clube do país, o Bayern de Munique. Nesse embalo, chama atenção como o Klinsmann (treinador da seleção Alemã) percebeu a necessidade de se ter um goleiro jogando mais ativamente com a equipe e tirando de cena o então inabalável Oliver Kahn. Dessa forma, ganhou espaço Jens Lehman, que tinha facilidade com os pés, o que contribuía, e muito, nas transições de jogo da equipe. História essa confirmada hoje pelo nosso diretor de futebol no Bangkok United, e também alemão, Ernst Middendorp

Quando comecei o trabalho com Mano, no Bangkok, sabia que tinha que me reciclar, buscar novas ideias de treinamento e, o mais importante, entender o que o treinador queria dos nossos goleiros para então instrui-los de maneira correta e eficiente.Realmente uma mudança radical para um preparador de goleiros que sempre trabalhou de forma tecnicista, dentro da cultura brasileira e muitas vezes descontextualizado, confesso.

Conversas diárias com o nosso treinador e com o nosso analista português, Luís Viegas, além de pesquisas incessantes sobre o novo modelo de jogo e como trabalhar o goleiro para junto disso preparar melhor os nossos atletas, contribuem para a nossa evolução.

Em 2015, tive a oportunidade de conhecer, durante um congresso em Portugal, diversas escolas de preparação de goleiros do mundo como Barcelona (Espanha), Ajax (Holanda), Benfica (Portugal) e Juventus (Itália), mas faltava a alemã, que tanto me acompanhava e que eu tanto admirava.

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Foto com os palestrantes do congresso: Will Coort, Hugo Oliveira, Ricard Segarra e Sergi Uclés.


A experiência de como foram os dias em Zuzenhausen – Alemanha, acompanhando os treinamentos do TSG Hoffenhaim fica para a próxima parte que vai ao ar em breve, fiquem ligados.

Valdir Bardi.

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