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Novos goleiros sofrem para repetir caminho de Dida ou Julio Cesar na Europa

Uma ótima reportagem do UOL Esporte

A expressão “Dalle stelle alle stalle” (em português: “das estrelas aos estábulos”), usada na Itália para falar de alguém que um dia já teve grande brilho e hoje vive no ostracismo, se encaixa perfeitamente para o momento que atravessam os goleiros brasileiros no país europeu.

Se antes arqueiros brasileiros como Dida e Júlio César figuravam como titulares absolutos de Milan, Inter de Milão, nos dias atuais nomes como Neto, Rafael Cabral, Gabriel e Alisson, atual titular da seleção brasileira, não conseguem se firmar nos grandes clubes do país.

Qual o motivo que pode explicar esta mudança de cenário: Simples coincidência? Teve uma queda de qualidade dos goleiros brasileiros ou o futebol italiano começou a dar mais chances para quem é do país?

Para o diretor da Gazzetta dello Sport, Luca Calamai, a mudança de cenário se explica por três principais pontos: qualidade dos novos arqueiros, modismo de se contratar brasileiros para posição nos anos 90 e 2000 e estratégias erradas dos jogadores.

“Tivemos a moda dos goleiros brasileiros impulsionada pelo Taffarel e pelo Júlio Cesar que são dois grandíssimos goleiros. E nomeio apenas os dois dos quais eu tenho mais carinho em minhas recordações. Allison não me convence como goleiro de qualidade e Neto paga as loucuras suas e de seu procurador escolhendo a pior estratégia para sua carreira. Buffon é único e insubstituível, não precisa ser um gênio para entender isso. Neto está somente perdendo tempo precioso na sua carreira”, afirmou o jornalista.

“Hoje temos a moda do goleiro italiano após termos descobertos Donnarumma no Milan. Agora os times procuram valorizar essas pedras preciosas em suas bases antes de olhar para fora”, concluiu Calamai.

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O azar de Rafael Cabral

O empresário de Rafael Cabral, Paulo Afonso, acredita que os fatores são diversos para apontar esse momento crítico dos goleiros brasileiros. No caso do ex-santista, ele crê que os problemas físicos o atrapalharam.

“Rafael teve um ano e meio no Napoli como titular no qual mostrou todo seu valor. Mas depois da lesão grave que teve, ao voltar, se deparou com um gigante como o Pepe Reina, goleiro consagrado e de grande experiência internacional. A mesma coisa acontece para Neto que é o vice de nada menos que um dos melhores goleiros do mundo, Buffon. O envelhecimento dos grandes goleiros está sendo bem mais demorado, e isso dificulta o despontar de goleiros mais jovens”, disse.


A escolha de Neto

Se Rafael Cabral sofreu com a perda da posição após lesão, no caso de Neto a opção de deixar a Fiorentina para ser reserva de Buffon na Juventus como já pôde ser visto acima é apontada como a principal causa do ostracismo. O brasileiro, que chegou a defender a seleção e era um dos principais nomes na boa fase da Fiorentina, tem passado pelo mesmo caminho que trilhou Rubinho, reserva de Buffon por anos e que perdeu o emprego na equipe de Turim no início desta temporada.

“Quando você busca um jogador tão novo em um lugar tão distante e fora dos holofotes você aposta somente em seu potencial e no faro do diretor esportivo que o contrata. Esse potencial, o Neto teve condições de mostrar por completo, mas hoje obviamente está fechado por nada menos que um dos maiores goleiros do mundo: Buffon”, afirmou o diretor esportivo da Fiorentina, Pantaleo Corvino.

O empresário de Neto acredita que apesar das críticas pela troca, a escolha de Neto foi correta. “É um dos melhores goleiros que atuam em Europa”, afirmou Stefano Castagna. “E em questão de talento, preparo e elegância não teme rivais. Claro, jogar em um grande time como a Juventus, com um grande goleiro como Buffon, faz com que ele jogue pouco. Mas quando teve em campo, mostrou todo seu valor e suas qualidades. Arrependido da escolha? A questão econômica é importante, mas eu acho que é melhor jogar pouco em um grande clube como a Juventus que jogar muito em um qualquer time menos expressivo”.


Ex-goleiros veem qualidade nos brasileiros

Preparador de goleiros da seleção brasileira e precursor entre os goleiros brasileiros que fizeram sucesso na Itália, Taffarel aponta “uma fase, uma mera coincidência de fatores” como justificativa para o momento ruim dos arqueiros nacionais em solo italiano. Ele, porém, vê grande qualidade nos quatro nomes citados nessa reportagem.

“Aqui (no Brasil) o momento é de bons goleiros no profissional e também na base, lá infelizmente o momento não é tão bom. Rafael foi uma unanimidade há dois anos no Napoli, mas teve problemas físicos e técnicos. Seu salário alto fez com que não houvesse o interesse de outro clube em contratá-lo mesmo que por empréstimo. Gabriel foi contratado pelo Milan, foi emprestado para o Carpi, fez um grande campeonato. Voltou para o Milan e foi emprestado novamente, pois o Milan apostou em um garoto italiano de 17 anos, Donnarumma. Sobre o Alisson, a Roma fez um grande investimento, comprou por 7 milhões de euros e venderá por 20 daqui a pouco: é um grande goleiro e é titular da seleção. Neto, fez grande trabalho na Fiorentina, foi para a Juventus sabendo que seria banco de um grande goleiro que é o Buffon. Joga pouco, mas ele sabia que iria acontecer isso. Nesse caso, o salário pesou na sua decisão. Perdeu espaço na seleção por conta disso, mas potencial tem, está sendo preparado para ser o sucessor do Buffon”.

Para Walter Zenga, ídolo da Inter de Milão e da seleção italiana, a análise é semelhante. “Na Itália existe uma verdadeira fábrica de goleiros, é só ver o Donnarumma, 17 anos e titular no Milan. Os goleiros brasileiros têm sim caraterísticas diferentes, mas não são inferiores, já que todos os três maiores times da atualidade (Juve, Roma e Napoli) tem brasileiros como goleiros reservas”.

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