O ano de 1988 foi marcante para Santos e Boca Juniors. O alvinegro praiano se despediu do impressionante goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez; o clube xeneize fez o mesmo com um ídolo ainda maior e mais duradouro: Loco Gatti, dono e senhor do arco da Bombonera por 12 anos, desde 1976.
O nome de Gatti é Hugo Orlando. Mas não adianta chamá-lo assim. Ele nem o atende, pois loco é loco. Entre muitas outras coisas, o apelido vinha das saídas do gol com os pés e das roupas psicodélicas em tempos de uniformes sóbrios.
Em abril de 1988, Gatti teve a ideia de prender seus longos cabelos loiros com uma bandana cor de rosa. E para combinar com o apetrecho, pediu emprestada ao amigo Rodolfo Rodríguez uma camisa do Santos – prateada e rosa. Un lujo.
Gatti era tão excêntrico – e continuava a sê-lo em 1988, aos 44 anos (!) – que desenvolveu dois hábitos no seu fim de carreira. O primeiro foi usar o número 0, em vez do 1 ou o 12. O segundo ''selo Gatti de ser'' era bem mais bizarro e até difícil de acreditar. Seus aquecimentos incluíam uma sessão de boladas na cara e nos testículos (!!), o que a foto abaixo comprova, em plena Bombonera.
O clube mais popular da Argentina sendo defendido por um goleiro com a camisa de um time do Brasil! Alguém consegue imaginar o Diego Alves, por exemplo, vestindo a vermelha do Independiente e fechando a meta do Flamengo?
Gatti usou a camisa do Santos em pelo menos três partidas na Bombonera em abril de 1988, antes de enjoar do look e optar por outra combinação. O problema é que logo a seguir o Boca também enjoou – mas das suas loucuras. Em setembro, ele falhou ao sair jogando com os pés e o clube perdeu para o nanico Armenio por 1×0.
O lugar de Gatti foi ocupado por um goleiro de 22 anos que herdou também seu gosto para roupas incomuns: o colombiano Navarro Montoya, grande inspiração de Rogério Ceni para a escolha das camisas.
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