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  • Rogger da Costa

GOLEIO SE EMOCIONA AO ERGUER TROFÉU AO LADO DO FILHO

O pequeno Gustavo Thomazella talvez ainda não saiba o que o último domingo representou em sua vida. Mas com toda certeza lembrará, mais adiante, do dia em que esteve nos braços do seu pai comemorando um título que vai muito além do futebol.


Gustavo, de apenas quatro anos, é filho do goleiro Thomazella, titular em 20 dos 21 jogos da Portuguesa na campanha do título da Série A2 que recolocou o time na elite estadual após sete anos. Pai e filho travaram uma batalha fora de campo, mas celebraram dentro dele a saúde, a família e o amor.


Desde o início do ano, Gustavo trata um linfoma de Burkitt, câncer raro que ataca as células e tem alta taxa de duplicação, podendo aumentar rapidamente de tamanho. Ao mesmo tempo em que lutava pela vida do filho fora de campo, dentro dele Thomazella batalhava para recolocar a Portuguesa entre os principais times de São Paulo. E foi exatamente isso que aconteceu após a Lusa vencer o São Bento por 2 a 0, no Canindé, e garantir o título da segunda divisão estadual.


O sonho de Thomazella era poder entrar em campo com o filho no colo e celebrar a vida, usando o gesto de erguer uma taça como símbolo de que a doença de Gustavinho também será vencida.


– Foi inexplicável o carinho dos torcedores com meu filho, terem gritado o nome dele. Quando pisei no campo com ele no colo, foi a realização de um sonho. Sonhei, no início da competição, estar com ele na final erguendo o troféu. Estar vivendo esse momento é inexplicável. Me emocionei com ele em campo, mais ainda quando fui apresentá-lo para a torcida, porque só conheciam ele por foto. Todo esse carinho é algo que vai ficar marcado por toda a minha vida – disse Thomazella ao ge.


Gustavinho foi adotado pela torcida da Portuguesa ao longo da Série A2. Uma faixa de apoio nas arquibancadas do Canindé foi presença constante nos jogos.


Para realizar o sonho do pai, Gustavinho precisou de uma autorização especial dos médicos que acompanham seu tratamento para poder entrar em campo. E foi de dentro do gramado do Canindé que o garoto de apenas quatro anos pôde sentir o carinho que deveria ser comum vindo dos torcedores. "É Gustavinho, é Gustavinho" foi o coro que embalou a torcida da Lusa após o tradicional "é campeão".


– Somos de carne e osso, sentimos. Atleta profissional é muito cobrado, vive diariamente sob pressão, e conseguir separar o lado pessoal do profissional é muito difícil, mas consegui. Tive um pouco da noção da força que tenho mentalmente, ainda mais em uma posição em que precisa estar sempre concentrado. Estou vivendo um sonho – disse Thomazella.


Thomazella encerrou o estadual como o goleiro menos vazado e foi eleito o melhor da posição. Foram sete gols sofridos em 20 partidas. A campanha deu ao jogador o status de ídolo em um momento considerado uma virada de chave da Lusa, que busca retomar o protagonismo no futebol paulista e nacional.


– É gratificante demais conseguir alcançar todos os objetivos traçados antes do início da competição. Um clube gigante, de tamanha tradição no futebol, e a gente sabe que a torcida estava carente de títulos. Uma conquista para ficar marcada na história da Portuguesa – disse.


Antes de pensar em novos títulos pela Portuguesa, Thomazella quer saborear o que considera a maior conquista da sua vida: a cura de Gustavinho. Em fase final de tratamento, a expectativa é de que em julho a doença seja totalmente controlada.


– Passamos da metade do tratamento, está previsto terminar no fim de junho e início de julho. É um passo de cada vez, tudo depende de como ele reage ao tratamento. Ele está reagindo bem, as coisas estão caminhando. Acho que vai ser o meu maior título, vê-lo 100% curado e voltando à rotina normal.


Após garantir o retorno à elite do Campeonato Paulista e o título da Série A2, a Portuguesa agora dá início ao planejamento para a disputa da Copa Paulista, competição que garante ao campeão a escolha de vaga na Série D do Brasileiro ou na Copa do Brasil em 2023. A próxima meta é retornar ao cenário nacional.



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