O texto a seguir foi recebido no e-mail VoaGoleiro@gmail.com, as opiniões expressadas no mesmo são de inteira responsabilidade do autor Rafael Meneghelli.
Decidi fazer este texto mais como um treino, mas também considero, talvez, como um desabafo. A minha admiração por este jogador, esta personalidade, este homem, ultrapassa a barreira do imaginável, nunca, até hoje, consegui fazer alguém entender o tamanho dela. Ok, concordo que talvez seja um pouco de exagero, mas há motivos de sobra para qualquer pessoa se impressionar com quem é, com quem se tornou e com o que conquistou.
Venho falar aqui sobre Gianluigi Buffon Masocco, nascido em Carrara, Toscana, região central da Itália, no dia 28 de janeiro de 1978 (39 anos). Decidiu assumir a posição de goleiro com uma oportunidade nas categorias de base, inspirado no uniforme diferenciado de goleiros e na possibilidade de usar luvas – o que é até engraçado – mas, acima de tudo, em seu ídolo Thomas N’Kono, goleiro da seleção de Camarões na Copa de 1990 – que deu nome a um de seus filhos.
Buffon estreou com apenas 17 anos pelo Parma, contra um grande Milan em pleno San Siro lotado, mantendo a baliza intacta. Por lá venceu grandes títulos, com a Copa da Uefa como o mais importante. Em 2001 se transferiu à Juventus (transferência mais cara de um goleiro no futebol), onde se firmou como uma peça mais que essencial, principal capitão de sua história e, me arrisco a dizer, como o principal jogador de sua história, lembrando que a Vecchia Signora já contou com craques de altíssimo nível: Del Piero, Zidane, Trezeguet, Nedved… Em Turim, Gianluigi perdeu as contas de quantos títulos venceu, quantos recordes quebrou, quantos milagres fez, e ainda contando. Tudo bem, isto não é uma biografia, minha pretensão é mostrar o que Gigi já fez pelo futebol, e o porquê ele é o maior de todos os tempos.
Ao me perguntarem por que acho Buffon o maior da história, respondo com outra pergunta: com quem Gigi não disputou o posto de melhor? Em todos os auges que vi de goleiros – fala aqui alguém nascido em 1999 – Buffon estava lá, também em seu auge. No começo de sua carreira o goleiro da vez era o alemão Oliver Kahn, que para mim está, com certeza, dentro de um “top five” de melhores goleiros. Van Der Sar também foi gigantesco, Petr Cech, que ainda atua, só que não mais em sua melhor forma. O mesmo posso falar de Iker Casillas, que diversas vezes confrontou Gianluigi e venceu-o em um dos maiores jogos da atualidade na Europa, Itália x Espanha. Todos esses citados foram vencidos por Buffon em 2012, quando foi eleito o melhor goleiro dos últimos 25 anos pela IFFHS. Hoje é com Manuel Neuer, jovem, mas que já ganhou de tudo na carreira, que Gigi disputa a colocação de melhor goleiro do mundo. Mas Buffon se manteve no auge desde que começou nos gramados. Não existe, repito, NÃO EXISTE, nenhum jogador na história do futebol que se manteve no topo por mais de 20 anos, coisa que ele está fazendo diante dos nossos olhos.
É comum para nós engrandecermos os grandes craques do passado, quem nunca ouviu histórias ou leu artigos sobre Yashin, o grande Aranha Negra, aquele que inovou a posição e ficou famoso por seus uniformes. Mas temos que concordar que aquele futebol não é mais o mesmo, não é preciso ir longe, o futebol que o nosso ídolo Taffarel jogava já é diferente do que vemos hoje. Os goleiros foram quem mais sofreram mudanças conforme o tempo, treinos, estudos, tecnologias, tudo deixando a posição mais complicada e com muitas cobranças. Talvez por isso coloco Buffon à frente, um goleiro que joga um futebol moderno da maneira antiga, com seriedade, liderança e sem precisar da mídia para ser quem é.
Se Buffon pudesse escolher um ano, com certeza escolheria o de 2006, ano em que venceu o principal título da Terra, a Copa do Mundo. No campeonato inteiro sofreu apenas dois gols, incluindo o de pênalti na final contra a França. Na finalíssima lembrada pela agressão de Zidane em Materazzi, Buffon fez uma defesa que considera a mais importante de sua carreira, após Zizou cabecear dentro da área. Gigi já participou de nada menos que cinco Copas do Mundo (1998, 2002, 2006, 2010 e 2014).
No ano seguinte do título mundial, Buffon provou aquilo que muitos consideram essencial nos atuais jogadores: lealdade. A Juventus se envolveu em um escândalo de corrupção e foi rebaixada para a Série B do campeonato italiano. Gianluigi então recebera incontáveis propostas de todos os clubes grandes da Europa, mas decidiu manter-se na Juventus para ajudar a reerguê-la. Hoje, soma sete Scudettos da Serie A, duas Coppa Italia e cinco Supercoppa Italiana pela Vecchia Signora. Além do amor ao seu clube do coração, Buffon sempre demonstra sua liderança dentro de campo, é respeitado por todos com quem trabalha e adorado pela torcida, por quem sempre demonstra muito carinho antes e depois de cada jogo.
Digo e repito, o gigante Manuel Neuer da atual geração precisa comer muito arroz e feijão para chegar ao patamar que Buffon está, não lhe falta potencial algum, mas lhe falta experiência. Realmente Buffon é um “Super Man”, apelido que recebeu de seus fãs por seus milagres. Todos que amam futebol, independente da nacionalidade ou do clube que torce, precisam reconhecer que Buffon é sim o maior goleiro da história e, além disso, ser totalmente grato pelo bem que ele já fez pelo esporte. Assim como eu queria ter tido o privilégio de ver, sei lá, Johan Cruyff, Di Stéfano, Zico; tenho hoje de ver Gianluigi atuando. Contarei aos meus filhos e netos com extremo orgulho que pude ver o Super Man jogar e fazer o que fez, ganhar o que ganhou.
Deixo aqui meus mais singelos agradecimentos e felicitações ao maior de todos os tempos. Buffon é como o vinho, quanto mais velho, melhor.
Referências:
http://esportefinal.lance.com.br/buffon-goleiro-italia/
http://m.trivela.uol.com.br/o-inicio-de-um-dos-maiores-da-historia-buffon-completa-20-anos-de-carreira/
Comments