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Futebol Feminino: Machismo ou falta de visão? Talvez os dois!


Segundo o dicionário Aurélio, podemos definir marketing como “o conjunto de estratégias e ações que proveem o desenvolvimento, o lançamento e a sustentação de um produto ou serviço no mercado consumidor”, segundo o consagrado autor brasileiro José Roberto W. Penteado Filho: “um conjunto de atividades desenvolvidas por uma instituição, no sentido de satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores e, ao mesmo tempo, atender os interesses da instituição”.

Baseados nestes conceitos podemos dizer que no Brasil nenhuma instituição pensou ou pensa no desenvolvimento do futebol feminino nacional ou ainda podemos afirmar que o futebol feminino não é de interesse de nenhuma das instituições envolvidas com o futebol brasileiro.

Alguns dirigentes e estudiosos podem afirmar que a ausência de investimento ou interesse neste mercado está na falta de um mercado consumidor do produto “futebol feminino” ou na falta de desejo que são as necessidades influenciadas pela cultura e sociedade onde estamos inseridos (que no caso do Brasil são cultura e sociedade historicamente machistas). Essa falta de desejo resulta em uma baixa demanda pelo produto. Além disso o futebol feminino é considerado no Brasil como custo e não benefício para clubes e federações, tendo seu valor subestimado pelos “coronéis do futebol nacional”.

Este tipo de pensamento parece muito com algumas das antigas fases do marketing onde o foco era apenas na produção (produzo somente o que tem demanda para venda – o conceito produzir para vender de até meados de 1925) ou no produto (foco no produto deixando necessidades dos consumidores de lado onde o cliente é atraído pelo produto de melhor desempenho).


Essa visão de que o futebol feminino é um mercado ruim ou inexistente no Brasil é uma visão curta ou obstruída das empresas, uma falta de visão que impede a adequada definição das reais possibilidades que o mercado oferece e que não é nem de longe explorada no Brasil. Esse conceito pode ser definido como “Miopia em Marketing” nome dado ao conceituado artigo de Theodore Levitt, publicado em 1960.

Em resumo as organizações do futebol brasileiro vivem com o pensamento em conceitos de marketing que beiram as décadas de 1920 a 1980 quando o assunto é futebol das mulheres, por acaso acompanhando a era machista de proibição e preconceitos com as mulheres na prática esportiva. Coincidência?

As possibilidades de Marketing em cima do futebol feminino foram ignoradas após a grande repercussão da modalidade nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro (2016).

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O esporte gerou uma grande oportunidade para quem gerencia o futebol no Brasil para que fosse possível explorar, desenvolver o produto, lucrar e criar vínculos com o possível mercado consumidor. Uma oportunidade não aproveitada, como tantas outras ao longo da história da modalidade.

Marketing é para quem está atento, apercebido, “antenado”, plugado (e que não tem pensamento machista ou preguiçoso).

Futebol feminino é uma tendência de mercado e as olimpíadas mostraram o que a modalidade pode vir a ser. Os jogos Pan-americanos de 2007 já haviam mostrado isso, mas as possibilidades e oportunidades foram ignoradas.

Marketing, assim como o futebol feminino, é para quem melhor se prepara para entender e atender às necessidades que o mercado esportivo apresenta. Não basta estar atento e identificar tendências. É preciso estar pronto para produzir de maneira rápida, se adaptar às mudanças de mercado e ao comportamento dos consumidores.

NÃO BASTA APROVEITAR AS OPORTUNIDADES É PRECISO CRIÁ-LAS

Dentre tantas desculpas pelo não investimento no futebol feminino está a de que não existe retorno financeiro na modalidade, mas não aproveitar as oportunidades de marketing que acontecem deixando assim de lucrar, contradiz qualquer fala sobre a possibilidade de retorno financeiro da modalidade.

Por exemplo:

Títulos SJEC

Títulos recentes SJEC


– Qual o tamanho do lucro que o São José EC poderia ter com os títulos conquistados pelo clube?

– Qual o tamanho do lucro que o futebol feminino nacional (financeiro e social) se camisas da seleção fossem disponibilizadas e houvesse um planejamento de marketing em cima da modalidade desde o primeiro título de melhor do mundo conquistado pela Marta (que tem só 5, mais que qualquer homem na história do futebol) ou pelas medalhas conquistadas pela seleção feminina ao longo dos últimos 30 anos?

– Quanto a Ferroviária de Araraquara poderia ter lucrado com os títulos Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores se tivesse desenvolvido mercado para isso?

Títulos Ferroviária

Títulos recentes Ferroviária


– Quanto o futebol feminino já estaria desenvolvido se tivessem começado a investir em marketing e em desenvolver o produto (que é a modalidade) há 20 anos atrás?

A verdade é que no Brasil muitas são as desculpas inventadas para justificar o não desenvolvimento ou não investimento na modalidade, quando no fundo o problema é a preguiça em desenvolver o produto, a necessidade de ter sempre o maior retorno com o menor investimento possível, além do machismo que está presente nas principais entidades de administração do futebol e de esportes no Brasil.

Não se pensa nas fases do marketing, valor e relacionamento onde se criam oportunidades, onde se foca no nicho de mercado e em desenvolver possibilidades.

Ao que parece quem cuida do futebol no Brasil nada entende de futebol feminino muito menos de marketing e de aproveitar oportunidades, principalmente quando o assunto é a modalidade.

Ai, vocês decidem se o problema é machismo ou se o problema é apenas a falta de inteligência? Quem sabe não se trata dos dois casos!?

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