Foto: www,agenciacorinthians.com.br
“Bota o Cássio”, sentenciou Mauri Lima, treinador de goleiros do Corinthians em 2012. A mensagem era endereçada a Tite, treinador do time que acabara de ser eliminado do Campeonato Paulista pela Ponte Preta, com falhas graves do então titular da posição, Júlio César. A dúvida é porque, poucos dias depois, o Corinthians teria pela frente o Emelec, em partida válida pelas oitavas de final da Copa Libertadores. Jogo de ida, no Equador. Não poderia haver melhor batismo.
Em Guayaquil, o Corinthians segurou o 0 a 0 mesmo com um jogador a menos em boa parte do segundo tempo. Empate valioso que teve as mãos, ou melhor, as luvas de Cássio, que entrou em campo com o número 24 nas costas. Nas quartas de final, o eterno lance com Diego Souza, do Vasco da Gama. Uma defesa que garantiu o Corinthians vivo na competição. Uma defesa que fez o Pacaembu emudecer por segundos intermináveis. Uma defesa que moldou toda sua carreira. O goleiro de 1,95 metro havia passado no teste e não sairia mais do time até a conquista inédita da Copa Libertadores e, depois, do Mundial de Clubes, contra o Chelsea, no Japão – título que completa hoje (16/12) sete anos.
Essas e outras histórias estão no livro “Cássio – A trajetória do maior goleiro da história do Corinthians”, assinado pelo jornalista e comentarista dos canais ESPN, Celso Unzelte, e que chega hoje às principais livrarias do Brasil. Nascido na pequena Veranópolis, a 170 quilômetros de Porto Alegre (RS), Cássio era de uma família simples e precisava lavar carros para ajudar nas economias da casa. Criado apenas pela mãe, Maria de Lourdes Ramos, dividia tudo com mais dois irmãos. Dos lanches que serviam como refeições até o sofá onde dormia com os pés para fora, consequência natural de sempre ter sido o maior da turma.
O livro traz ainda diversos episódios sobre toda sua jornada com a camisa do Corinthians, as lesões, sua experiência na Holanda e na seleção brasileira e a relação sempre muito próxima com Tite. Outra história curiosa é justamente com o novo reforço anunciado pelo Corinthians. Em 2017, o Alvinegro e o Grêmio disputavam a liderança do Campeonato Brasileiro. Um ponto atrás depois de nove rodadas, o Tricolor gaúcho receberia o Corinthians em sua arena, podendo tomar a liderança. Faltando seis minutos para o fim do jogo, pênalti para o Grêmio. Luan foi para a bola e… Cássio mais uma vez mostrou porque sempre foi um goleiro acostumado a momentos de enorme pressão. No final do ano, o Corinthians levantaria a taça do seu sétimo título do Brasileiro.
Mas toda glória carrega por trás as suas festas. E foram muitas. “Teve situações em 2014. 2015 em que eu acordava e minha casa estava cheia de gente que eu nem conhecia. Era situações de eu acordar à noite, ter feito festa na minha casa e não saber quem estava lá. A casa cheia de gente, bebida, festa”, relembra o goleiro, que hoje afirma não consumir mais nenhum tipo de álcool. E junto com o rock (quem não se lembra de Cássio simulando um riff de guitarra com a chave do carro na conquista do Mundial?), a música gospel divide a playlist do jogador.
Planejando jogar até os 40 anos, Cássio explica o que ainda o motiva a levantar cedo e treinar todo dia: “O corintianismo é abrangente. Não tem classe social. Na rua, também as pessoas se ajoelham, abraçam. Mandam imagens da tatuagem que fizeram (…) Você vê que é um amor verdadeiro, um carinho verdadeiro”.
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