Começou o maior evento esportivo do mundo. Para a classe de goleiros, treinadores e apaixonados pela posição, ficamos possibilitados de ver atuações de goleiros poucos conhecidos, goleiros que podem virar heróis da pátria, como foi o caso de Tim Howard que chegou a ser apelidado de "ministro da defesa do EUA" na Copa do Mundo do Brasil, ou Guilhermo Ochoa que de quatro em quatro anos aparece, salvando o México com atuações memoráveis. Ao contrário, podemos citar recentemente o goleiro do próprio Qatar que numa atuação infeliz foi muito criticado na derrota no jogo de abertura pela Copa do Mundo atual diante do Equador (falaremos a respeito em outro post).
Aqui não queremos somente citar os heróis e anti-heróis da posição, sabemos que muitos leigos julgam goleiros por sucesso e insucesso nas suas ações, não que seja errado, mas a complexidade e as oportunidades de vermos tendências, aspectos culturais e funções dos goleiros no jogo nos fazem acreditar que vale a pena escrever a respeito.
Dependendo da maneira de jogar da equipe, podemos identificar padrões de atuações dos goleiros, exemplo, no momento defensivo: a defender em bloco baixo, as proteções de espaços são minimizadas, o goleiro terá a função de proteger a baliza e também o espaço aéreo a sua frente.
Momento Ofensivo: se a equipe optar por uma construção desde o tiro de meta, o goleiro terá de saber jogar curto, dando opções após o passe. Se não for caso, então questões táticas de onde colocar a bola longa para obter vantagem do adversário serão necessários.
Os aspectos culturais são bem mais complexos de se entender, goleiros como Kasper Schmeichel e seu "Danish Catch"(técnica de punho própria da escola dinamarquesa de goleiros). Pouco ortodoxa, a técnica chama atenção pela peculiaridade de segurar a bola no peito com gesto atípico dos braços, se na defensiva a técnica chama atenção, no momento de transição defensivo para ofensivo o goleiro Beiranvand, chama atenção pela potência na reposição com as mãos, podendo ser uma arma do Irã para começar contra ataques.
Muito mais que peculiaridades, falhas e situações atípicas, convidamos os amigos a refletir a respeito dessas situações, não somente o lance isolado, mas sim o lance que ocasionou o sucesso ou insucesso, uma reflexão global do jogo tendo o goleiro funções especificas perante tais ações. Tentar entender os processos cognitivos e como são representados pelas técnicas, sendo a efetividade mais importante que a estética.
Para os treinadores de goleiros de clubes da base ou profissionais, a dica é que os goleiros destaquem alguma ação de goleiros que gostem e tragam para o debate com seu treinador e colegas de profissão, quanto mais refletir a respeito, melhor será o entendimento do jogo, podendo até influenciar as performances dos goleiros nos próximos jogos, uma maneira teórica de treino, porque não assim dizer?
Agora se quiser somente assistir, culpando ou glorificando os atletas e goleiros, também não tem problemas. Na democracia do futebol o importante é curtir o jogo como quiser, sempre com respeito ao próximo, é claro.
Valdir Bardi Treinador de Goleiros.
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