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A marca eterna – e injusta – de uma goleada

Um excelente de Humberto Peron, do “PERON NA ARQUIBANCADA” – Twitter: @HumbertoPeron

Um jogador de linha pode desistir de uma jogada quando o seu time está tomando uma sonora goleada, mas com um goleiro isso nunca pode acontecer. Por mais, que a equipe esteja entregue o guardião tem que se manter concentrado e jogar como se a partida estivesse equilibrada.

Mesmo assim, os tapinhas e os elogios logo após o jogo ou palavras como: “se não fosse o goleiro o placar seria o dobro”, vão logo cair no esquecimento. Depois de um curto espaço de tempo, todos só vão lembrar o nome daquele “frangueiro” que não se cansou de buscar bolas no fundo das redes.

Poucos vão se recordar de que o time foi mal armado, de que um jogador foi expulso ou da boa campanha que o arqueiro vinha fazendo no torneio, até tomar inúmeros gols em uma partida, como aconteceu recentemente com Olivares (Jorge Wilstermann), que levou oito tentos do River Plate.

Ninguém, por exemplo, vai recordar que ele ficou três partidas seguidas de “mata-mata” sem levar gols e que foi peça fundamental para o time se classificar, eliminando o Atlético-MG, para jogar contra o River Plate. A partir de agora, ele vai sempre o goleiro que levou oito, sendo cinco deles anotados do artilheiro Scocco.

Goleadas marcam sempre negativamente na carreira de um goleiro. Elas sempre servem como aquele “mas” na carreira do profissional, que acaba sempre machucando e incomodando, inclusive para os melhores jogadores da posição. E não faltam exemplos para isso.

Marcos, melhor goleiro da história do Palmeiras e fundamental na conquista do penta na Copa do Mundo de 2002, tem o seu “mas” nos sete gols que tomou do Vitória, em uma partida da Copa do Brasil de 2003.

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Saulo, jovem goleiro santista, teve sua carreira praticamente arruinada quando levou sete gols do Corinthians em 2005. Em todos os confrontos entre santistas e corintianos, nos últimos 12 anos, seu nome é lembrado e quase ninguém cita um único jogador de linha santista daquela partida e que também perderam por 7 a 1 (só para lembrar: Paulo César, Halisson, Wendell, Rogério, Kléber, Fabinho, Mateus, Heleno, Ricardinho, Giovanni, Geílson, Luizão e Basílio).

Em 2010, numa partida pelo Campeonato Paulista, também no Pacaembu, Saulo, atuando pelo Ituano, ainda teve lidar com a sede de vingança dos santistas. A cada gol que o arqueiro que ele tomava a torcida do time da Vila Belmiro parecia expiar todos os pecados daquela goleada para o rival e, por isso, sempre pedia mais um. Resultado final: Santos 9 X 1 Ituano. Mesmo não refrescando é preciso que a justiça seja feita. Saulo levou “apenas” oito gols – no nono gol ele não estava sob as traves já que tinha sido expulso.


Poderia citar outros inúmeros casos, mas vou parar no caso do arqueiro Júlio César. Apontado diversas vezes como o melhor goleiro do planeta, para alguns hoje ele se tornou “apenas” o cara que sofreu sete gols da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014, disputada aqui no Brasil. Nessa terrível goleada, por exemplo, ele errou bem menos do que no jogo contra a Holanda, no Mundial de 2010, quando a seleção foi eliminada nas quartas-de-final ao perder por 2 a 1.

Diante de tudo isso, quando o seu time está entregue não é nenhum exagero dizer que o arqueiro precisa jogar mais pela sua honra e pela sua carreira do que pela sua equipe e seus companheiros.

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